Já não sou mais a mesma.
Sinto-me frustrada. A permanente indecisão do tentar, do quê tentar, faz com
que esteja constantemente cansada. Perdi-me no meio do caminho. Já não sei o
que fazer com meus dias. Vivo como quem vive para morrer, pois já não reajo. Estática,
vendo como o tempo se arrasta carregando consigo respostas e trazendo cada vez
mais questões. Penso eu, nesse instante da vida, que perdemos tanto quando esse
tempo passa. Ou esperando por ele passar. Hoje, desgostada da vida, não consigo
mover-me. Faço o mínimo que poderia e deixo as coisas transportarem-se, na
velocidade de “uma à uma”, para o lugar que melhor se encaixam. Acostumada com
o que já conheço. Também nunca soube tomar decisões. E essa estação me traz
insegurança.
Olho para trás, nessa
data há um ano, e não me reconheço. Quando estamos presos as nossas escolhas,
como seguir tendo tão pouco tempo para acompanhar a vida? Perdemos tanto apenas
buscando felicidade, e essa é a grande frustração. Vivemos adiando sonhos, nos
prendendo a escolhas, pessoas, coisas e o dia de ser feliz parece sempre estar
longe de chegar. Planejamos, durante toda nossa história, apenas o desfecho que
irá finalizar. E o tempo passa. Como passa...
Passo por passo, cavo
minha própria solidão. Não há algo prendendo-se à mim. Viram as costas, cansam.
E eu? Espero, ainda, que haja transformação dessa realidade a qual vivo, mas
que já não me satisfaz. Ao contrário. Faz sofrer. Suga as forças. Não tomo
decisões. O tempo passa. E dói.